sábado, 16 de outubro de 2010

Pequeno Trecho do Novo Livro Que Estou Desenvolvendo

(...) “Sentir a participação de Deus na história humana seria levar em consideração todas as condições impostas pelos homens aos homens; todas as limitações humanas, e daí extrair, sob o invólucro humano, a presença Dele, as ações Dele. É olhar para a Bíblia e ter consigo a compreensão de que a mesma é um conjunto de sentimentos gerados por ações, ou ações geradas por um conjunto de sentimentos em determinado período da história humana onde essas ações e fatores tomaram um grau tal de importância que deveriam ser registradas; isso em um momento em que a escrita não era algo vulgar tal qual compreendemos nos dias atuais, mas uma tecnologia afeita a poucos, à classe dominante que dispunha de condições de utilizar essa tecnologia. Mas o certo é que essas experiências extraordinárias foram levadas adiante e chegaram até nós, nos dias atuais, apesar de toda uma conduta humana, notadamente e recentemente desde a revolução burguesa, em que o materialismo seria tomado como a redenção terrena.
Olhar para Deus seria também buscar, com outra percepção, a essência do mundo, a essência que dispõe o mundo em tudo, em todas as coisas. E olhar para Deus é uma coisa, mas ter ao alcance Deus de forma perpétua através desse olhar, ou de inúmeros olhares, é outra coisa. Ter a compreensão de Deus através desse olhar diferente para a realidade que nos circunda seria a maneira mais eficaz de tomar contato com a Realidade Primeira. E Deus, ao que tudo indica, ajudou muito nessa empreita de O termos sob a visão, ou sentido natural acostumado a visualizar o que é visível - e não o Invisível carregado e instituído sob outras condições não-afeitas ao mundo criado, mesmo tendo a noção bíblica de que “o Invisível gerou o visível”.
(...) “E aqui nos vemos em uma importante reflexão bem atual: o que ofereceria o Criador para que voltemos os olhos para a sua ideologia? E poderíamos começar refletindo sobre as aspirações que nos envolveriam para que continuemos a trafegar seguindo ideologias feitas por outros homens e tomadas como as ideais para um perfeito trafegar terreno, enquanto homens ocidentais. Mas, até quando as necessidades básicas (e às vezes nem tão básicas) serão tomadas como o norte a medir e permear a direção a ser tomada? Estamos descrevendo uma situação que se apresenta a todo aquele que se acha ou que pretende se achar inserido numa perspectiva mais, digamos, espiritual. Porque sabemos que enquanto seres vivos temos necessidades fisiológicas comuns a todos os seres vivos, e estancar, ou minimizar essas necessidades, aos olhos de quem está acostumado a “colher” do meio em que vive os meios necessários para o bom viver, é algo que beira, certamente, à utopia, ou sendo mais radical, à loucura, ao suicídio social, numa sociedade que incentiva a competição em todos os sentidos e estratos possíveis, querermos colocar em voga uma ideologia que não se coaduna com os ideais sempre colocados na sociedade contemporânea, fruto da classe que emergiu do cenário medieval - a burguesia -, que mesmo trazendo em si todo um ideal material que permearia as relações sociais a partir de sua participação mais ativa no cenário da civilização que se tornaria ocidental, talvez fosse a mesma (burguesia) uma reação natural das faculdades humanas em querer, primeiramente, suprir as suas necessidades básicas, e surgiu e se desenvolveu enquanto classe revolucionária porque teria essas faculdades materiais limitadas justamente pelo poder estatal apresentado pelo Antigo Regime. (...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário